quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A cadeira que era de Sócrates

Chega-me aos ouvidos a nada surpreendente notícia que, parece-me, pode causar  nos portugueses,  os de convicções socialistas, pelo menos até a data das últimas legislativas, uma espécie, muito rara, diga-se de passagem, de comichão na parede do estômago. Felizmente, e porque fui agraciado com a sorte ou ajuda do destino, nessa altura ainda não tinha atingido a maioridade logo, estou automaticamente isento de qualquer inflamação dessa natureza. Estive no médico à pouco e pareceu-lhe estar tudo a funcionar em condições.
Há cerca de, aproximadamente, seis anos, levámos José Sócrates a sentar-se no cadeirão de Primeiro Ministro. Era Março de 2005. O que é certo é que, sem que nos tivéssemos apercebido (a minha boca fala exclusivamente por mim), e desculpem-me a generalização algo precipitada, algures a meio da sua governação, Sócrates terá simpaticamente abandonado o cadeirão que lhe oferecemos, com tão bom grado. É verdade. Segundo consta, o nosso "Ex-Primeiro-Ministro" é mesmo homem de etiqueta, um gentleman nato. Ao que foi apurado, Sócrates ter-se-á privado do seu conforto na prestigiante cadeira, tudo porque entendeu que seria desrespeitoso para com Madame Ângela Merkel permitir que a senhora se ficasse de pé.
Em boa verdade, foi nela que nós votámos em Março de 2005. De facto, a campanha eleitoral que levou avante foi, notoriamente, a mais carismática e que (co)moveu mais massas. 
Perguntam os portugueses, aflitos para se coçarem desalmadamente: Eu não tinha metido a cruz no Sócrates? De José para Ângela ainda se faz um longo caminho pá... 
Responde o jornal "The Guardian": O primeiro-ministro, José Sócrates, telefonou à chanceler alemã Ângela Merkel a pedir ajuda "desesperada" à Alemanha. O primeiro-ministro português comprometeu-se a "fazer tudo o que fosse necessário" em troca do apoio europeu. 
Os portugueses, depois de se coçarem, rematam, cheios de conformismo:  Ah... Afinal não. Ia jurar que... Enfim...

A coisa por cá está preta mas, felizmente, a nossa PrimeirA-MinistrA Ângela tomou facilmente consciência disso e não hesitou em, de imediato, estabelecer contacto com Dominique Strauss-Khan, director-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), com o intuito de lhe encomendar ajuda. A Resposta do Sr. Dominique foi preponderante: Os receios do Sr. José Sócrates não fazem qualquer sentido, uma vez que ele não vai seguir qualquer sugestão que lhe seja dada. 
Pelos vistos, o nosso Ex-Primeiro-Ministro é óptimo a formular sugestões (como a que fez a Ângela para que descansasse um bocadinho as pernas) mas, não tão bom a acarreta-las. 


Com isto tudo, o melhor é certificarem-se previamente que é no Cavaco que estão a votar, não vão confundir Anibal com Dominique.

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